Como estimular respostas - Lei de Cunningham
A Lei de Cunningham afirma que a melhor maneira de obter a resposta certa na internet é publicar a resposta errada. Essa abordagem, quando aplicada estrategicamente no ambiente corporativo, pode acelerar a inovação, engajar equipes e transformar desafios em oportunidades.
Quantas vezes você procurou uma resposta na internet e acabou frustrado? Talvez você esteja abordando o problema do jeito errado. A melhor forma de conseguir a resposta certa na internet, segundo a Lei de Cunningham, é simples: publique a resposta errada. Parece contraintuitivo, mas é genial!
Criada por Ward Cunningham, inventor do Wiki, essa lei não oficial da internet diz que "a melhor maneira de obter a resposta certa na internet não é fazer uma pergunta, mas postar a resposta errada". É incrível, mas o que parece uma simples curiosidade pode ter implicações no nosso cotidiano.
Por que o erro pode ser sua melhor ferramenta de engajamento?
A Lei de Cunningham explora um comportamento humano básico: a aversão ao erro alheio. Quando alguém vê uma informação incorreta, sente-se compelido a corrigi-la. Nas redes sociais, fóruns ou até em um brainstorming corporativo, erros calculados podem ser o gatilho para debates produtivos e insights inesperados.
Vamos analisar alguns exemplos:
Comunicação Interna em Bancos
Imagine que um gerente de TI de um banco publique na intranet:
"Estamos considerando abandonar o suporte para o protocolo de autenticação X porque ele é menos seguro que o Y."
Essa afirmação, propositalmente imprecisa, provoca um debate imediato. Engenheiros de segurança respondem com evidências sobre os usos do protocolo X, o time de compliance ressalta suas implicações legais, e analistas de risco argumentam sobre impactos operacionais. No final, o banco refina a decisão, identifica riscos e soluções que poderiam ter passado despercebidos.
Estratégia de Produtos Digitais
Suponha que uma Fintech anuncie em um fórum interno:
"Nosso novo aplicativo terá apenas autenticação por SMS."
Essa afirmação, embora intencionalmente provocativa, leva especialistas a defenderem alternativas mais robustas, como biometria ou autenticação multi-fator. Além de estimular a inovação, a discussão expõe potenciais vulnerabilidades, ajudando a empresa a antecipar críticas e evitar prejuízos.
Aplicação no mercado corporativo
Discussões geradas por correções podem ajudar a criar um banco de dados valioso com percepções que não surgiriam em debates convencionais. Por exemplo, um líder de risco operacional pode declarar de forma intencional: "Eliminar auditorias manuais é nossa melhor opção para cortar custos no próximo trimestre". Essa decisão provocaria uma enxurrada de argumentos de auditores que detalhariam que algumas etapas manuais ainda são indispensáveis. O resultado? Um guia interno atualizado para auditorias mais eficientes.
Outro exemplo, anunciar funcionalidades ou mudanças "erradas" em ambientes controlados permite prever reações do público antes do lançamento. Uma empresa de tecnologia publica nos canais internos: "Estamos planejando padronizar todas as APIs para REST, deixando de lado o suporte para GraphQL." A proposta gera rápida reação dos desenvolvedores, que apresentam cenários onde o GraphQL é essencial. O debate não apenas salva a decisão, mas também revela pontos de melhoria nas APIs atuais.
Nem sempre essa abordagem é recomendada. Em mercados sensíveis, como o financeiro, uma afirmação errada, mesmo intencional, pode gerar interpretações desastrosas. Transparência e um controle rígido sobre onde e como utilizar essa abordagem são essenciais.
Conclusão
A Lei de Cunningham, além de fenômeno curioso, é uma poderosa ferramenta estratégica. Independente do seu mercado, seja financeiro, tecnologia, saúde, educação, etc., as decisões dependem de informações precisas, o estímulo à correção e ao debate pode ser o diferencial entre uma estratégia bem-sucedida e um erro caro. Mas cuidado: usar essa estratégia é como cutucar um vespeiro – você precisa estar pronto para lidar com as consequências.
E você, já usou algo parecido na sua empresa? Compartilhe nos comentários como erros ou provocações já estimularam debates produtivos no seu time!