Como fazer grandes coisas

Grandes projetos falham por falta de planejamento, não por tamanho. O livro Como Fazer Grandes Coisas mostra que pensar lento e fazer rápido evita desperdícios e retrabalho. No desenvolvimento de software, equilibrar planejamento estratégico e execução ágil pode ser a chave para o sucesso.

Como fazer grandes coisas

Hoje quero indicar o livro Como Fazer Grandes Coisas - Os fatores surpreendentes que determinam o sucesso de cada projeto, de reformas residenciais à exploração espacial. Enquanto lia, comecei a refletir sobre quantos projetos já vi falharem por falta de planejamento adequado. Perdi as contas de quantas vezes já vi times começarem a desenvolver sem um norte claro, apenas para depois enfrentarem retrabalho e atrasos.

Os autores Bent Flyvbjerg e Dan Gardner compilaram ao longo dos anos um banco de dados com milhares de projetos e identificaram padrões comuns que diferenciam os que prosperam dos que falham. Eles destacam que o sucesso de um projeto, seja ele a construção de um arranha-céu, uma missão espacial ou o desenvolvimento de um novo software, depende raramente de genialidade ou sorte.

Entre os principais insights, para mim, está o princípio de "pensar lento e fazer rápido", que se destaca como uma abordagem poderosa para evitar desperdícios e garantir entregas bem-sucedidas. O livro traz outros pontos valiosos, mas, a meu ver, todos giram em torno desse princípio central.

Mas como essa visão, de dar um foco maior no planejamento detalhado, se encaixa no mundo do desenvolvimento de software, especialmente quando comparada a metodologias ágeis?

O que faz projetos falharem?

Segundo os autores, a maioria dos projetos sofre de um otimismo irrealista: subestimam custos, tempo e complexidade, enquanto superestimam benefícios.

Grandes fracassos costumam ser resultado de um planejamento insuficiente, decisões apressadas e pouca atenção a riscos. Eles argumentam que a melhor forma de evitar armadilhas é investir tempo suficiente no planejamento inicial, antecipando desafios antes da execução.

Essa abordagem contraria a pressa comum em muitas organizações, onde projetos começam rapidamente e depois enfrentam atrasos, estouro de orçamento e mudanças constantes de escopo. A solução? Pensar lento para fazer rápido.

"Pensar lento e fazer rápido"

Esse princípio sugere que o tempo gasto planejando e testando hipóteses no início evita erros caros na execução. Em outras palavras, projetos bem-sucedidos não são aqueles que começam rápido, mas os que começam certo. Isso significa:

  • Identificar riscos antes da implementação
  • Criar modelos e testar soluções antes do desenvolvimento em larga escala
  • Aprender com projetos anteriores e usar abordagens repetitivas
  • Planejar de forma realista, sem depender do melhor cenário possível

O resultado? Quando a execução começa, há menos incertezas, menos mudanças inesperadas e maior velocidade na entrega - em outras palavras: não há replanejamento na fase de execução, apenas execução.

Como isso se compara a metodologias ágeis?

Metodologias ágeis seguem uma lógica diferente. Em vez de investir um longo tempo em planejamento antes de começar, elas incentivam a execução em ciclos curtos (sprints), com entregas incrementais e ajustes contínuos. O objetivo é adaptar-se à mudança rapidamente, refinando requisitos ao longo do caminho.

A diferença fundamental está na abordagem ao risco. O Scrum, por exemplo, assume que a incerteza é inevitável e, por isso, prefere começar logo e iterar. Já o pensamento de "pensar lento e fazer rápido" busca reduzir a incerteza ao máximo antes da execução, garantindo que o caminho já esteja bem definido antes do primeiro passo.

Quando usar cada abordagem?

  • Projetos com inovação radical ou requisitos incertos → Scrum funciona melhor, pois permite ajustes rápidos e aprendizado contínuo.
  • Projetos de grande escala ou infraestrutura crítica → Pensar lento e fazer rápido pode ser mais eficiente, pois antecipa problemas e evita desperdícios.

O ideal, a meu ver, seria um equilíbrio entre os dois mundos. Projetos de TI podem combinar um planejamento sólido no início, com ciclos ágeis para execução e refinamento. Dessa forma, evitam o aparente desperdício inicial do excesso de planejamento e a falsa desorganização do desenvolvimento caótico sentida no ágil.

Conclusão

Se você gosta de histórias inspiradoras sobre grandes projetos – tanto os que foram bem executados quanto os que enfrentaram desafios monumentais – recomendo fortemente a leitura: Como fazer grandes coisas. O livro nos lembra que grandes projetos não falham porque são grandes, mas porque são mal planejados e, portanto, mal-executados. A chave está em equilibrar um planejamento estratégico detalhado (pensar lento) com uma execução eficiente e ágil (fazer rápido).

No desenvolvimento de software, essa abordagem pode ser combinada com práticas ágeis para garantir que as decisões estratégicas sejam bem fundamentadas antes de mergulhar na execução, ou no código. No fim das contas, o segredo do sucesso não está na pressa, mas na inteligência de cada passo dado.

E você, já viu projetos falharem por falta de planejamento ou por excesso de rigidez? Vamos conversar nos comentários!