Você sabe a diferença entre risco e incerteza?

Descubra as diferenças entre risco e incerteza e como esses conceitos impactam nossas decisões. O texto ainda explora o Paradoxo de Ellsberg, que demonstra como nosso cérebro responde de maneira variada a situações de risco conhecido e incerteza.

Você sabe a diferença entre risco e incerteza?
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Quantas vezes você já confundiu risco com incerteza? Acredite, não é a mesma coisa! Vamos entender a diferença entre esses dois conceitos e como eles impactam nossa rotina?

Muitas vezes ouvimos as palavras “risco” e “incerteza” usadas como sinônimos em conversas e discussões. No entanto, em termos de economia, gestão empresarial e finanças, essas duas palavras possuem definições distintas e importantes. Entender a diferença entre risco e incerteza pode fornecer uma nova perspectiva sobre os desafios e adversidades que encontramos. E para ilustrar esse conceito, vou explorar o Paradoxo de Ellsberg.

O que é risco?

O risco é um conceito que envolve a possibilidade de algo acontecer, e essa possibilidade pode ser quantificada. Existem chances mensuráveis de sucesso ou fracasso. Por exemplo, se você for jogar uma moeda, há um risco de 50% dela cair em cara e 50% dela cair em coroa. Isso é um risco - você conhece todas as possíveis consequências e também as chances de cada uma ocorrer.

Riscos podem ser mitigados, evitados ou aceitos, uma vez que o resultado e a probabilidade são conhecidos. As empresas frequentemente realizam análises de risco para traçar estratégias eficazes e tomar decisões informadas.

E a incerteza?

a incerteza é algo que não podemos quantificar. Trata-se de uma condição desconhecida, sem a possibilidade de se calcular as probabilidades. Por exemplo, se perguntarmos qual será a política econômica em cinco anos, além da incerteza do cenário político, também existe uma incerteza econômica sobre as condições globais de mercado nesse cenário.

A incerteza significa que não sabemos o que pode acontecer, e isso impossibilita calcular a probabilidade de diferentes resultados. Consequentemente, a incerteza é mais difícil de gerenciar do que o risco, e requer uma abordagem estratégica mais flexível e adaptável.

O Paradoxo de Ellsberg

Entender os conceitos de risco e incerteza é fundamental para administrar melhor as tomadas de decisões diante de quaisquer cenários. Nessa esfera, surge um interessante conceito que tem tido grande relevância na economia comportamental: o Paradoxo de Ellsberg.

Criado por Daniel Ellsberg, um economista americano, o Paradoxo de Ellsberg é um experimento mental criado nesta linha de estudos.

O experimento proposto é simples. Suponha que temos dois potes de vidro. O primeiro contém 50 bolas laranjas e 50 bolas pretas. A quantidade de cada uma é, portanto, conhecida. No segundo pote, também existem 100 bolas, mas não sabemos quantas são pretas e quantas são laranjas - só sabemos que a quantidade total é 100. A distribuição deste segundo pote é uma incerteza.

Você tem que escolher um pote e apostar em uma cor de bola. Se a bola retirada do pote escolhido for da cor escolhida, você ganha um prêmio.

Diante desse cenário, dado a escolha, a maioria das pessoas prefere apostar no primeiro pote. O motivo parece bastante óbvio: nós sabemos as probabilidades no primeiro pote, 50/50. No entanto, as probabilidades no segundo pote também somam 100%, só que desconhecemos como elas estão divididas. Por que então preferimos o primeiro pote, mesmo se as probabilidades totais são iguais? Este é o Paradoxo de Ellsberg.

Este fenômeno revela um viés em nossas decisões conhecido como aversão à ambiguidade. Tendemos a preferir cenários em que o risco é conhecido mesmo quando a distribuição de probabilidades é igual. A incerteza, mesmo com as mesmas probabilidades gerais, parece mais arriscada para nós.

Mas agora, vamos fazer outra rodada do experimento. Dessa vez, você ganha se retirar uma bola preta. Qual pote você escolheria agora? Segundo o Paradoxo de Ellsberg, muitos iriam agora preferir o segundo pote, onde a quantidade de bolas pretas não é conhecida. Isto porque, no primeiro pote, as chances de retirar uma bola preta são de 50%, enquanto no segundo pote, as chances podem ser maiores que 50%.

Este comportamento contradiz a teoria da utilidade esperada, um dos fundamentos da teoria econômica clássica, que pressupõe que as pessoas façam escolhas baseando-se no resultado que trará a maior utilidade esperada, considerando todas as possibilidades e suas respectivas probabilidades.

O Paradoxo de Ellsberg tem implicações importantes para a tomada de decisão, especialmente no campo financeiro, onde as decisões são muitas vezes tomadas sob condições de risco e incerteza. Ele ajuda a explicar por que as pessoas podem ser avessas ao risco em determinadas situações, mesmo que matematicamente elas possam ter as mesmas probabilidades de sucesso.

Em suma, esse paradoxo nos mostra que o comportamento humano frente ao risco e à incerteza nem sempre se alinha com as previsões racionais. Somos seres complexos, com medos, desejos e sentimentos que fogem muitas vezes da lógica tradicional. Portanto, na hora de tomar decisões, é importante ter em conta não só as probabilidades e os riscos envolvidos, mas também os nossos próprios sentimentos e percepções em relação às incertezas. Esta compreensão mais diversificada nos ajuda a tomar decisões mais acertadas, seja nos negócios, nas finanças ou na vida pessoal.


Em resumo, tanto risco quanto incerteza fazem parte da vida e das decisões que tomamos. O risco, com seu universo mais previsível e quantificável, pode ser mais fácil de gerenciar. Por outro lado, a incerteza requer um planejamento mais robusto e uma capacidade de adaptação.

Contudo, ambos os conceitos desafiam a nossa percepção de valor esperado, como ilustrado pelo Paradoxo de Ellsberg. Entender essas diferenças é crucial para tomar decisões informadas e para preparar estratégias de gerenciamento de risco ou incerteza, seja no mundo dos negócios ou em nossas vidas pessoais.

Portanto, da próxima vez que você se deparar com uma situação onde tenha que fazer uma escolha difícil, seja na vida pessoal ou profissional, lembre-se desses conceitos. Entender a diferença entre risco e incerteza, e como seu cérebro pode iludi-lo em certas situações, pode te ajudar a tomar decisões mais acertadas. E, é claro, enfrentar o imprevisível é um desafio constante, então, esteja sempre preparado para se adaptar e reajustar seus planos.

Gostou do que leu e quer aprender mais sobre como lidar com riscos e incertezas na vida ou nos negócios? Compartilhe nos comentários abaixo ou entre em contato, adoraria saber o que você pensa. E não se esqueça de compartilhar este post com seus amigos e colegas! Conhecimento é poder e, compartilhando, podemos nos ajudar a tomar decisões cada vez melhores. Afinal, independente de risco ou incerteza, estamos todos juntos nessa jornada!